A promessa do corpo perfeito faz muitas melhores recorrerem à lipoaspiração, que só pode ser feita em pacientes saudáveis e bem preparadas fisicamente e corresponde a 20% das 457 mil intervenções estéticas realizadas no Brasil, ou seja, é a segunda mais requisitada e atinge a marca de 91 mil por ano, perdendo apenas para as de aumento e redução de mamas, segundo pesquisa Datafolha.
O procedimento que consiste na retirada de gordura através da aspiração contínua por vácuo, é feita pela maioria dos cirurgiões plásticos com cânula de ferro, não descartável. Embora o instrumento seja esterilizado, podem restar resíduos que possibilitam a contaminação através de diversas bactérias, entre elas, a micobactéria (Mycobacterium abscessus), um microorganismo encontrado facilmente no ambiente hospitalar que causa uma violenta infecção. Segundo a ANVISA, entre o período de 1º de janeiro de 2003 a 28 de fevereiro de 2009, foram registrados 2128 casos de contaminação, o que confirma o aumento do risco deste tipo de cirurgia decorrente do grande número de lipoaspirações realizadas, fator que impede a devida esterilização dos equipamentos utilizados. A infecção causada pela micobactéria causa febre, secreção, abscessos, ulcerações, difícil cicatrização, nódulos e vermelhidão, podendo levar a morte.
Porém, na busca de uma alternativa para aperfeiçoar a técnica e evitar a contaminação, em 2009 foi desenvolvido um equipamento que está revolucionando o cenário da cirurgia plástica no mundo. A novidade é a cânula descartável que elimina as chances de contaminação pela Mycobacterium abscessus. Feito de aço inox e revestido com silicone, o aparelho é mais flexível e maleável do que o antigo, o que facilita no processo de deslocamento da gordura e ainda contribui para a diminuição dos riscos de perfurações no decorrer da cirurgia. “As cânulas convencionais aumentam o risco de lesões vasculonervosas em virtude de serem rígidas e apresentarem furos com superfície. Já essa novidade descartável e flexível tem facilitado o descolamento facial com menor risco de lesão vascular e nervosa, propiciando um resultado mais seguro para cirurgião e paciente”, explica o responsável pela novidade, Ewaldo Bolivar de Souza Pinto, coordenador do XI Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, que acontecerá nos dias 19, 20 e 21 de março, em São Paulo, e abordará esse tema.
O médico também aponta que para fazer uma lipoaspiração os exames pré-operatórios são imprescindíveis e alerta que o volume total aspirado no procedimento não deve ultrapassar 5 a 7 % do peso do paciente, não se estendendo além de 40% de área de superfície corporal. A duração da cirurgia é de cerca de 2 a 3 horas, dependendo do volume das áreas que serão tratadas. Já a tão esperada alta hospitalar, na maioria das vezes é dada no mesmo dia da cirurgia, porém existem recomendações pós-operatórias que devem ser respeitadas, são elas: repouso nos cinco primeiros dias; uso de cinta compreensiva durante as 3 primeiras semanas após a cirurgia para que a compressão seja mantida e o inchaço reduzido; ao menos 10 sessões de drenagem linfática depois dos 5 dias de repouso para reduzir o edema e evitar cicatrizes; exposição ao sol somente após um mês e com o uso de filtro solar e, o mais importante, visitar o consultório médico para curativo e revisão. “É fundamental que o cirurgião plástico pertença a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e as operações sejam feitas em centros cirúrgicos que tenham todos os equipamentos necessários e respeitem as exigências da ANVISA. O paciente também deve fazer todas as perguntas ao médico e retornar ao consultório quantas vezes julgar necessário”, complementa Bolivar, que é presidente da Comissão de Ciência e Segurança de Cirurgia Plástica da SBCP.
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